Foto de um relógio com moedas empilhadas ao lado com uma planta brotando em cima.

Educação financeira para Crianças e jovens

Autor: Rodrigo de Paula

Quanto mais cedo começar aprender sobre educação financeira, melhor. Eu tive sorte de ter pais que se dedicavam a poupar e gastar menos do que recebiam e a guardar dinheiro. Esses exemplos tão simples foram vitais para a minha educação financeira e do meu irmão.

O que é educação financeira?

Muita gente se assusta ao ouvir falar de “educação financeira”. Eu já vi amigos próximos praticamente taparem os ouvidos para não ter que falar de finanças.

Eu acredito que essa reação ocorre pelas pessoas não saberem do que o assunto realmente trata. Educação financeira não precisa envolver – e geralmente não envolve – termos complicados de investimentos, como: CDB, Tesouro Direto, ações, fundos etc. Na verdade, educação financeira é sobre preceitos básicos sobre como lidar com ganhos, gastos e poupanças.

É pelo básico que todos devem começar. Depois que os princípios estiverem dominados, podemos começar a pensar em investimentos mais complexos. Normalmente isso ocorre na fase adulta.

Os benefícios da educação financeira

Segundo o Estadão, 79% da população brasileira está endividada e 30% da população está em situação de inadimplência, ou seja, não conseguem pagar suas dívidas.

Dívidas são, geralmente, um atraso nas vidas das pessoas, sejam elas dívidas pequenas com parcelas de lojas de roupas, ou sejam dívidas grandes, como parcelas de eletrodomésticos, aluguéis atrasados ou, as piores de todas, como cheque especial e cartão de crédito.

Se endividar é em essência, tomar emprestado do futuro para gastar no presente. Uma pessoa que se endivida e compra algo parcelado em seis vezes está comprometendo uma parte de sua renda pelos próximos seis meses. No entanto, como o futuro é imprevisível, pode ser que a pessoa em questão perca a sua fonte de renda por qualquer motivo inesperado, mas a dívida não vai embora, muito pelo contrário.

Dívidas crescem exponencialmente. Isso significa que quanto maior a dívida, maior o risco dela comprometer todo o orçamento e dependendo do tamanho do buraco, pode ser necessário fazer um novo empréstimo para quitar o anterior, gerando um efeito “bola de neve”. No Brasil, a média de juros de cartão de crédito, por exemplo, é de 12% ao mês. Por mais que esse número pareça pequeno, ele fica assustador muito rápido. Os 12% de juros ao mês significam que uma dívida de apenas 200 reais, em um ano, torna-se uma dívida de quase R$ 800,00. Caso não seja possível saldar dentro desse período de um ano para pagar, o total pode chegar a R$ 3.000,00!

Ensinando crianças e jovens

Ao abrir os caminhos da educação financeira para crianças e jovens, fica mais fácil para que eles iniciem suas vidas financeiras sem incorrer em dívidas e sem viver pagando parcelas. Dessa forma, os jovens se tornam financeiramente mais livres e menos dependentes de empregos ruins.

Se um jovem possui muitas dívidas e parcelas a pagar, é quase impossível que ele consiga parar de trabalhar – ou trabalhar menos – para estudar e melhorar de vida, já que precisa estar constantemente gerando dinheiro o suficiente não só para sobreviver, mas também para pagar os gastos do passado e os juros que vêm com eles.

Isso faz com que o jovem precise incorrer em mais dívida e parcelas, caso queira adquirir determinados bens e serviços, como: viagens, itens da casa etc. Isso cria um círculo vicioso, onde o jovem precisa contrair dívidas hoje para poder pagar as dívidas do passado. É uma posição da qual pode ser difícil sair sem a educação e a disciplina apropriadas.

Por outro lado, se um jovem não possui dívidas e parcelas, ele pode optar por não trabalhar o dia todo, diminuir levemente o seu padrão de vida, e usar parte do dia para estudar, elevando assim o seu potencial futuro de geração de renda.

Por onde começar

Agora que você já sabe a importância da educação financeira para crianças e jovens é necessário saber por onde começar.

Existem algumas regras básicas. Se elas forem seguidas, as chances dos jovens caírem nas armadilhas das dívidas são muito menores:

  1. Pague todas as suas dívidas – não deixe que elas acumulem. Se livre de todas as suas dívidas o mais rápido possível;
  2. Não adquira novas dívidas – evite ao máximo comprometer a sua renda futura com gastos do presente. Isso significa: nada de parcelas. Se você não pode comprar à vista, talvez deva repensar a compra;
  3. Gaste menos do que você ganha – se você ganha 2 mil reais por mês, gaste menos do que isso no mês. Pode parecer óbvio, mas a quantidade de pessoas que gastam mais do que ganham é impressionante. Os números mencionados no início do artigo não são tão altos por acaso. Gastar menos do que ganha faz com que você possa começar a juntar dinheiro para atingir objetivos, sejam eles pessoais, profissionais ou educacionais. Gastar mais do que ganha faz com que você comece uma bola de neve de gastos futuros que é muito difícil de desfazer.

Existem materiais literários ótimos sobre o assunto. Um dos clássicos que pode ajudar qualquer pai ou mãe a ensinar melhor seus filhos sobre educação financeira é o livro “Pai Rico, Pai Pobre”, que tem uma leitura muito fácil e ensinamentos atemporais.

Não deixe para amanhã! Uma das vantagens das crianças e jovens é o tempo. Quanto mais cedo a educação financeira for priorizada, mais tranquila e livre será a vida como um todo.

Sobre o autor: Rodrigo tem 24 anos, é voluntário da Bem Gasto, adora esportes, principalmente boxe, escalada e longboard. É professor de inglês, estudante de administração e de ciência de dados.

Deixar uma resposta