Gráfico ações

O que são ETFs? Entenda o conceito e quais seus prós e contras

Autores: Matheus Goya Outi e Valmirio Silva

Observa-se já há algum tempo, no Brasil, um aumento expressivo do número de investidores pessoas físicas na Bolsa Brasileira (B3). Muitos consideram que na Bolsa de Valores, apenas ações de empresas são negociadas diariamente, mas no entanto, existem outros ativos no universo de ativos negociados que podem ser uma alternativa interessante na hora de investir. Estamos falando dos ETFs (Exchange Traded Funds). Você já ouviu falar sobre eles? Que tal aprender um pouco sobre ETFs e conferir se vale a pena investir?

O que são ETFs?

Os ETFs (da sigla em inglês, Exchange Traded Funds) são  fundos de investimento de gestão passiva negociados em bolsa, que normalmente estão atrelados a um índice de referência do mercado.

O que é uma Gestão Passiva?

Na gestão ativa, o gestor toma as decisões de quais ativos ele quer incluir no portfólio. Por exemplo, se tem razões para acreditar que as ações da Vale podem subir e as ações da Petrobras podem cair, ele investe em Vale e não investe na Petrobras. Já na gestão passiva, a estratégia de investimento ou o objetivo do fundo é predeterminado e exige menos decisões do gestor. Um ETF busca espelhar o desempenho de um índice de referência e para isso basta o gestor replicar a carteira teórica do índice, fazendo a compra proporcional dos respectivos ativos. Em outras palavras, na gestão passiva o gestor deve replicar a rentabilidade de uma carteira teórica de ativos de um índice, enquanto que, na gestão ativa, deve tentar superar essa rentabilidade.

Entendendo os ETFs

Os ETFs são uma maneira fácil de investir, em que diferente dos fundos de investimento tradicionais que exigem ordens de aplicação e resgate, transferem todas as etapas de investir para a segurança do ambiente eletrônico da Bolsa de Valores; no caso do Brasil é a B3.

São inúmeros os possíveis objetivos de investimento de um ETF, podendo investir na bolsa brasileira através do Ibovespa (ex: BOVA11), no índice de Small Caps (ex: SMAL11), ou ainda na bolsa americana (ex: IVVB11) ou chinesa (ex: BCHI39). É possível também investir em Renda Fixa (ex: IMAB11 ou FIXA11) ou até mesmo em criptoativos (ex: HASH11 ou BITH11), com opções de investimentos para todos perfis de investidores.

Para todo ETF, o gestor do fundo é o responsável por ajustar a carteira para acompanhar a cesta teórica de ativos do índice de referência e é remunerado por uma taxa de administração, que costuma ser bem menor que a de fundos de investimentos ativos.  

Você pode adquirir a cota de um ETF da mesma maneira que compra uma ação em um pregão normal, por meio de uma conta em uma corretora. Atualmente, na bolsa brasileira, existe aproximadamente 140 ETFs, (incluindo os recibos de ETF, que são réplicas de ETFs do exterior negociados na B3 como BDR). Entretanto, esse número vem crescendo e ainda há muito espaço para o surgimento de novos fundos passivos. Nos Estados Unidos, por exemplo, já são listados mais de 2500 ETFs dos mais variados segmentos e tipos, como ETFs de commodities, de moedas ou voltados apenas para empresas de tecnologia.

Quais são os prós de investir em ETFs?

As principais vantagens de se investir em ETFs são:

Diversificação: Com a aquisição de apenas uma cota deste fundo, o investidor se expõe a uma cesta de ativos que compõem o índice de referência, sem a necessidade e o trabalho de comprar cada um deles individualmente;

Acessibilidade: É possível negociar uma cota da mesma maneira que qualquer ação de uma empresa listada na bolsa de valores, podendo proporcionar liquidez para o investidor. Além disso, por ter uma gestão profissional e sem a necessidade de selecionar ativos individualmente, são bastante indicados para quem está iniciando no mundo dos investimentos ou para quem quer se expor ao mercado, mas não tem tanto tempo para estudá-lo;  

Baixo Custo: As taxas de administração dos ETFs tendem a ser menores se comparadas às cobradas por fundos de investimento tradicionais (de gestão ativa), o que significa que mais dinheiro poderá ser investido para um potencial retorno. No longo prazo, o baixo custo é fundamental para proteger o seu capital! 

Facilidade: A composição das carteiras dos ETFs é feita de maneira sistemática, de modo que o investidor não precisa se preocupar com o rebalanceamento do seu investimento para acompanhar determinado índice;

Diferentes Opções: Existem diversas opções de ETFs para os mais variados tipos de investidores. Como já foi dito, só nos EUA já são contabilizados mais de 2500 fundos passivos com as mais diferentes estratégias, sendo desde criptomoedas até renda fixa de países emergentes. Além disso, permite ao investidor ter acesso aos mercados globais de maneira bem rápida e simplificada.

Quais são os contras de investir em ETFs?

Após mostrar os pontos positivos, é importante também destacar algumas desvantagens para você conseguir avaliar se vale a pena investir nesses fundos!

Tributação: Os ETFs não se beneficiam de uma faixa de isenção de IR. Ao vender uma ou mais cotas de um ETF, o imposto de renda que deve ser recolhido pelo investidor é de 15% sobre o lucro (caso tenha) obtido na operação, independente do montante vendido e do prazo entre o dia da compra da cota e da venda. Quando se trata de ações, são isentas de IR as operações que não totalizam R$ 20 mil no mês no momento da venda;  

Rentabilidade Limitada: Como foi dito, os ETFs buscam uma rentabilidade bem próxima ao seu índice de referência, o que pode limitar seus ganhos se comparado com investimento em um fundo de gestão ativa, por exemplo, já que o objetivo dos fundos de investimentos tradicionais é superar a rentabilidade do mercado;

Volatilidade: As cotas dos ETFs são negociadas na bolsa de valores e por isso, seu valor pode sofrer variações tanto positivas como também negativas de um dia para o outro. No caso de um retorno negativo do índice de referência, o ativo apresentará uma performance negativa equivalente. Isto é uma desvantagem para investidores que têm um horizonte de investimento de curto prazo. Caso haja necessidade de recursos no curto prazo por parte do investidor, seria necessário vender as cotas, tornando a perda permanente e o investidor deixa de aproveitar um possível movimento de recuperação.

Após apresentarmos o que são os ETFs, seus pontos positivos e as suas desvantagens, cabe ao investidor considerar se faz sentido ter esse ativo como investimento, de acordo com seu perfil.

E você? Vai considerar investir em ETFs?

Sobre os autores: 

Matheus é voluntário da Bem Gasto, analista de planejamento estratégico em uma gestora de investimentos e aluno de engenharia elétrica. Tem como hobby jogar xadrez.

Valmirio também é voluntário da Bem Gasto, engenheiro atuante no mercado financeiro, praticante de jiu-jitsu e canoa havaiana que nas horas vagas gosta de curtir a família.

Deixar uma resposta