Autora: Elaine Leder
Estamos a alguns meses de uma nova eleição para presidente e em anos eleitorais usualmente observamos uma maior volatilidade em indicadores econômicos que impactam diretamente o dia-a-dia da população.
O relatório do Departamento Econômico do Bradesco publicado em outubro de 2021 analisou os 6 últimos ciclos eleitorais e constatou que ativos financeiros começam a apresentar maior volatilidade em maio do ano eleitoral. Usualmente é nesse período que as candidaturas são confirmadas, as pesquisas passam a ser realizadas com mais frequência e os debates sobre os programas dos candidatos começam a ser apresentados.
O que é impactado na economia?
Em média, a bolsa de valores caiu 13% entre maio e outubro do ano eleitoral, expurgando-se fatores externos, tais como variação de preços de commodities internacionais, coques internos de preços, entre outros.
A taxa de câmbio apresentou o mesmo comportamento, chegando a uma desvalorização média de 14% entre maio e outubro do ano eleitoral, considerando a cesta de moedas emergentes como controle de forma a expurgar efeitos externos da análise.
No caso da taxa Selic e da inflação (IPCA), observou-se uma alta dispersão ao longo do período analisado. Excluindo-se ciclo eleitoral de 2002, houve um aumento médio de 0,27 pontos percentuais (p.p.) na Selic a partir de maio. Já a inflação apresentou em média aumento de 0,05 p.p., tento ainda um aumento de 0,34 p.p. no primeiro ano de mandato.
Em resumo, inflação, câmbio e juros são afetados pelos ciclos eleitorais, em especial entre maio e o 1º turno das eleições presidenciais.
Por que isso acontece?
Essas variações são explicadas principalmente pelas incertezas em relação às novas diretrizes econômicas a serem adotadas pelo novo governo. Tais incertezas impactam diretamente o volume de investimentos em anos eleitorais, tanto internos como externos no país. É muito importante entender quais as políticas fiscais e tributárias, investimentos governamentais, políticas sociais e trabalhistas, pois servirão de base para que empresários e investidores reavaliem suas estratégias em relação a aplicação de seus recursos. Consequentemente impacta a geração de empregos, produtividade das empresas, o volume de impostos recolhidos, entre outros.
No ciclo de 2022 isso não será diferente. Se acrescentarmos os efeitos da pandemia e da polarização política, é muito provável que observemos volatilidades acima das médias observadas nos últimos ciclos.
Como a volatilidade em anos eleitorais impacta nosso dia-a-dia?
Em nosso dia-a-dia vemos alta no valor de combustíveis, energia elétrica e principalmente, em produtos importados.
Por isso, precisamos ficar atentos ao comportamento dos nossos orçamentos durante esse período. Veja abaixo algumas ideias que ajudarão a manter seu orçamento familiar saudável em 2022:
- mensurar suas despesas mensais, avaliando seus gastos com gás, luz, supermercado, transporte, alimentação, lazer, escola, aluguel, etc.;
- avaliar a possibilidade de economias em restaurantes, roupas, sapatos, entre outros;
- trocar o carro pelo transporte público ou compartilhar app de transporte privado com colegas de trabalho;
- tomar ações que evitem desperdícios de energia elétrica, como concentrar uma boa quantidade de roupas para passar ou avaliar a viabilidade de troca de eletrodomésticos muito antigos por novos que consomem menos energia;
- trocar marcas importadas por nacionais;
- preferir frutas e verduras da estação;
- ficar atento às promoções dos supermercados;
- rever planos de celulares;
É claro que será fundamental compartilhar com toda a família a responsabilidade por esse movimento. O sucesso dessa jornada será apenas atingido caso seja realizada em equipe!
Será de igual importância a manutenção de uma reserva de emergência, caso ainda não a tenha. A reserva de emergência é usualmente constituída de 6 a 12 meses do valor das despesas mensais da sua família e poderá ser usada em caso de imprevistos, como desemprego ou doenças. Aliás, a reserva de emergência é um recurso a ser adotado em toda nossa vida produtiva e o impacto da pandemia na vida financeira de muitas pessoas atuou como um bom alerta para a sua relevância. Ainda não tem uma reserva de emergência? Nunca é tarde para começar a sua!
Por fim, caso não tenha um perfil de investidor extremamente agressivo, o momento é de apostar em aplicações de renda fixa até a realização das eleições, quando será possível conhecer o programa do próximo presidente para a economia e reavaliar nosso planejamento financeiro.
Bibliografia utilizada como referência: https://www.economiaemdia.com.br/BradescoEconomiaEmDia/static_files/pdf/pt/publicacoes/destaque_depec/20211020_Destaque.pdf
Sobre a autora: Elaine é voluntária da Bem Gasto, formada em engenharia de produção com mestrado em administração pela COPPEAD/UFRJ. Trabalhou por mais de 10 anos na área de planejamento orçamentário e hoje atua como consultora na área. Em seu tempo livre gosta da pintura em seda e ver filmes policiais e de biografias.