Autora: Cristina Prates Maturano
Você sabe o que é IPCA e como ele interfere na sua vida? Por mais que você não queira, todos os dias e em vários momentos ele afeta o seu consumo!
O que é IPCA?
IPCA é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, calculado mensalmente pelo IBGE* para acompanhar a inflação.
E o que é inflação?
É o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços, acompanhado através de índices que medem a variação, sendo o IPCA o mais relevante. Ele indica se os preços subiram ou desceram de um mês para o outro e é composto pelo preço da cesta de consumo para famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos em 13 regiões: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande.
Os itens que compõem a cesta “básica” das famílias são definidos também pelo IBGE através de uma pesquisa (Pesquisa de Orçamentos Familiares) a qual verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto com arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar, médico, cinema, entre outros. Assim, o índice leva em conta não apenas a variação do preço de cada item, mas também o quanto ele pesa no orçamento das famílias.
Qual a importância do IPCA?
O IPCA é o índice oficial da inflação do Brasil. Para evitar descontroles por parte do governo, são estipuladas metas pelo Conselho Monetário Nacional que o Banco Central é responsável por cuidar no dia a dia. Sem isso, poderíamos voltar a viver períodos de hiperinflação, como o que ocorreu na década de 90, quando em março/90 foi registrado a maior variação mensal do IPCA: 82,39%!!! Nesse período, o produto começava o dia valendo um preço e terminava valendo outro. Quando o IPCA sinaliza que a meta poderá ser ultrapassada, o governo passa a tomar pedidas para controlar o consumo, como aumentar a taxa de juros (SELIC), entre outras ações.
Vale também comentar que o IPCA é o principal parâmetro para reajustar o salário mínimo anualmente.
Como o IPCA é calculado?
Mensalmente, o IBGE faz uma pesquisa de preços entre o 1º e o 30º (ou 31º) dia de cada mês para identificar os preços cobrados efetivamente ao consumidor, em pagamento à vista, junto à prestadores de serviços, estabelecimentos comerciais e fornecedores de serviços públicos (como as concessionárias de energia elétrica e água), totalizando aproximadamente 430 mil preços em 30 mil locais de 13 diferentes regiões do País.
Para isso, consideram-se as categorias e os subgrupos de produtos e serviços citados anteriormente, sendo que cada um deles tem um peso diferente no cálculo: Alimentos e Bebidas (18,99%), Transportes (20,84%), Despesas Pessoais (10,60%), Comunicação (6,19%), Habitação (15,16%), Educação (5,95%), Vestuário (4,80%), Artigos de Residência (4,02%), Saúde e cuidados pessoais (13,46%). Tais itens ainda são divididos em outros subitens, sendo que no total o IPCA mede as variações de preços de 465 subitens alocados dentro dessas categorias.
Como esse índice te impacta?
Você pode estar se perguntando agora… e o que é que eu tenho a ver com isso? A resposta é: tudo!
Como ele representa o índice oficial da inflação no Brasil, é um bom termômetro para avaliar seu poder de compra e o valor do seu dinheiro.
Observe que, por exemplo, quando os preços dos alimentos sobem, o índice também sobe. Em termos práticos, se sua compra mensal no supermercado subiu 10% de um mês para o outro e seu salário não subiu, você tem menor poder de compra. Portanto, sobra menos dinheiro entre o que você ganha e o que você consome para comprar outros itens, além de alimentos.
É importante mencionar que os produtos e serviços que você e sua família consomem podem ser diferentes dos consumidos em média pela população brasileira. Com isso, seu índice pessoal de inflação pode ser maior ou menor do que o IPCA. Exemplo: uma família que não consome carne vermelha e não tem filhos em idade escolar terá um índice de inflação pessoal diferente do oficial, cujo cálculo coloca um peso considerável na variação do preço da carne e da mensalidade escolar.
Se a variação do seu salário de um ano para o outro for menor que o IPCA, você perderá seu poder de compra, pois os preços sobem mais do que a sua renda. Se a inflação e o seu salário têm a mesma variação, seu poder de compra se mantém. Todavia, se você receber um aumento acima do IPCA, seu poder de compra aumentará.
Investimentos atrelados ao IPCA
Para o investidor, esse índice também é importante, pois seu dinheiro aplicado deveria render no mínimo o equivalente ao IPCA para manter o poder de compra. O ideal seria encontrar aplicações que rendessem acima dele, pois com isso você estaria não só preservando o valor do dinheiro, como acumulando novos recursos, já que tudo que rende acima do IPCA, teoricamente garante maior capacidade de consumo. Alguns investimentos que garantem esse rendimento são Tesouro Direto, Fundos de Investimentos atrelados ao IPCA e Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Saber como funciona o IPCA e acompanhar seu comportamento é importante para administrar suas finanças pessoais, seja para consumidor ou para investir. O BACEN* disponibiliza a Calculadora do Cidadão para que todos possam calcular o impacto do IPCA e de outros índices. Basta acessar o site BCB – Calculadora do Cidadão, selecionar o índice IPCA, definir o período e informar o valor a ser corrigido. ( BCB – Calculadora do cidadão)
Fontes:
* BACEN – Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br)
* IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (www.ibge.gov.br)
Sobre a autora: Cristina é voluntária da Bem Gasto e trabalha na área financeira. Como hobby ela adora viajar e fotografar.
