Autor: Ramon Diego Santos Bodê
Você decidiu investir através de fundos de investimento ou já investe e pintou a dúvida: o que eu deveria considerar para escolher um bom fundo?
Então vamos respondê-la hoje, aqui e agora!
Essa é uma pergunta muito importante para qualquer investidor! Quanto antes pensarmos nela, maiores serão as nossas chances de aplicar nosso dinheiro da forma mais adequada às nossas necessidades enquanto investidores.
Entenda os custos
Para um fundo funcionar, pode ser necessária uma grande equipe, a qual é composta por vários gestores e analistas. Quanto mais complexa a estratégia e regras do fundo, mais pessoas ele poderá precisar e com isso maiores os custos dele.
Esse custo de funcionamento é cobrado do investidor através da:
- Taxa de administração: Fundos mais simples cobram menos e fundos mais complexos cobram mais. Aqui, a avaliação não é apenas uma comparação entre as taxas de dois fundos: é necessário comparar fundos com propostas semelhantes para avaliar se a taxa de um está acima do adequado ou se está na média do que é cobrado. Por exemplo: fundos de renda fixa mais simples podem ter taxas variando de 0% a 0,5% ao ano; já fundos de ações com gestão ativa chegam a cobrar taxas ao redor de 2% ao ano.
- Taxa de performance: é um “bônus” pago ao gestor quando ele supera os objetivos esperados do fundo. Ela é comum em fundos com objetivos mais ambiciosos de resultado, mas da mesma forma que a taxa de administração, não deve ficar fora da média ou se torna um peso no bolso do investidor.
Histórico de rentabilidade e tempo de existência
O resultado passado de um investimento não é garantia ou previsão do que vai ser dele no futuro, mas avaliar o histórico de um fundo pode te dar uma boa visão de como ele se comportou nos momentos mais difíceis (épocas de crise) e momentos mais favoráveis (épocas de crescimento econômico).
Um fundo que caiu menos que os demais quando todos os fundos caíram, passa uma sinalização positiva de que o gestor conseguiu proteger o dinheiro dos investidores numa hora difícil.
Da mesma forma, um fundo que se destacou em performance no passado em vários momentos pode indicar que ele aproveita bem as oportunidades.
Um alerta importante: nunca considere um prazo curto como indicativo de boa gestão! (Pessoalmente eu avalio o máximo possível de prazo, sendo no mínimo dois anos). É claro que um fundo mais novo também pode ser uma boa oportunidade de investimento, mas você não poderá chegar a essa conclusão pelo histórico de rentabilidade.
Gestores
Todo fundo tem uma equipe por trás e os resultados dele serão tão bons quanto a equipe que trabalha nele.
No final das contas, a gente põe o nosso dinheiro na mão de pessoas. Por isso é bom saber quem são elas e o quanto elas conhecem. Entrar no site da gestora do fundo vai ajudar a esclarecer isso e responder a algumas perguntas:
- Qual a experiência do time de gestão?
- Há quanto tempo eles trabalham juntos?
- Qual a especialidade deles?
Um time com boa formação e experiência, que trabalha há muitos anos juntos, tem um histórico de boa rentabilidade e é transparente na comunicação com os investidores é um forte indicativo de sucesso na escolha de um investimento.
Riscos
Para ganhar dinheiro é necessário arriscar. Olhar a rentabilidade sem olhar o risco é um caminho certeiro para decepção e frustração.
Olhe a rentabilidade e o risco sempre em conjunto. No dia a dia do mercado financeiro um indicador comum de risco é a volatilidade (medida de quanto os rendimentos do investimento oscilam). Quanto maior a volatilidade, maior a chance de você ter rendimentos ótimos e/ou péssimos em algum momento.
Porém, há outros riscos que não estão representados na volatilidade. Por isso, ler o material de divulgação do fundo com calma é importante para identificar todos os riscos relevantes.
Compare fundos semelhantes
Da mesma forma que vale para os custos e para o histórico, lembre-se: devemos sempre comparar o risco de fundos parecidos. Um fundo que compra ações na bolsa é mais arriscado que um fundo que compra apenas papéis do governo federal. Então, uma comparação entre eles não seria adequada pela ótica do risco.
Ao ter a sua disposição dois fundos semelhantes, com a mesma proposta de rendimento, opte pelo de menor risco.
Estratégia
Poucas aplicações têm tantas estratégias diferentes como os fundos de investimento. As opções variam desde fundos com títulos ligados ao Governo Federal até aqueles com investimentos em países exóticos e moedas pouco convencionais.
Há fundos que são mais focados para operações de longo prazo e fundos que buscam ganhar dinheiro em operações de curto prazo/mais imediatas.
Há também aqueles que não investem em determinado segmento ou focam em uma ideia específica (como energia limpa, ou empresas de tecnologia).
Escolher o investimento sem entender um pouco da estratégia dele pode se revelar uma atitude arriscada, pois o gestor pode seguir por um caminho que não é do seu interesse ou não ter a possibilidade de mudar de rumo quando a situação ficar difícil.
Os materiais publicitários e o site do gestor têm informações sobre a estratégia e propostas de cada fundo.
Prazo de resgate
Deixo este por último dada a importância dele e o quanto as pessoas o ignoram: conheço diversos investidores que abrem os olhos para uma boa rentabilidade, um gestor famoso e reconhecido e fazem uma aplicação sem considerar o prazo de resgate do investimento.
Não são poucos os fundos que vão pagar o resgate em 30, 60, 90 ou até mais dias do pedido de resgate do cliente. Preste muita atenção nesta informação: você tem 2 prazos:
- Prazo de cotização: Tempo que seu investimento vai render depois de você pedir o resgate;
- Prazo de pagamento: quanto tempo depois da cotização você recebe o valor de volta (fica disponível na sua conta).
O prazo final é a soma dos dois: cotização + pagamento.
Em geral, fundos mais dinâmicos têm prazos de resgate mais longos e fundos mais simples pagam mais rapidamente.
O fundo está de acordo com seu perfil e objetivos?
Sempre verifique se o fundo escolhido está de acordo com seu perfil e objetivos. Se você não gosta de correr riscos, um fundo de ações pode não ser para você. Se você quer fazer um reserva de emergência/oportunidade, um fundo com pagamento em 30 dias pode não ser o ideal, mesmo com maior expectativa de rendimentos.
Portanto, buscamos responder as seguintes perguntas para avaliar um fundo de investimento:
- Os custos dele são adequados para que o ele se propõe a entregar de retorno?
- Como esse fundo se comportou em momentos de crise e de bons resultados comparado com o mercado e com seus concorrentes?
- Qual a qualidade e experiência da equipe que faz a gestão do fundo?
- Quais são os riscos que esse fundo corre no dia a dia?
- Quais estratégias a equipe de gestão aplica para investir o dinheiro dos clientes?
- Qual o período para sair do fundo se eu precisar do dinheiro de volta?
Leia com calma os materiais de divulgação, site das gestoras e avaliação dos especialistas para responder a essas perguntas e tirar todas as suas dúvidas.
Se você buscar responder as perguntas acima com calma, pode ter tranquilidade de que fez uma boa escolha!
Claro que poderíamos levantar muitas outras questões mais técnicas, específicas e pontuais, mas o ótimo é inimigo do bom.
Sobre o autor: Ramon é especialista em Investimentos e professor de certificações. No tempo livre gosta do “combo” pizza + Netflix + sofá.