Dinheiro, juros e investimento

O que são juros compostos e como eles impactam nas rentabilidades e valores das dívidas

Autor: Mapa Financeiro

Os juros compostos são a oitava maravilha do mundo!

É um comentário ambicioso, sabemos. Alguns diriam arrogante, talvez. Mas garantimos – quem deu esse título ao assunto sobre o que vamos falar hoje sabe das coisas. Já ouviu falar desse cara?

Fonte: Google Imagens

Esta foto do Sr. Albert Einstein é famosa e tem uma frase dele que diz:

“Os juros compostos são a oitava maravilha do mundo. Quem os entende, recebe… quem não os entende, paga”.

Por que ele disse isso? Qual o impacto desse negócio em nossa vida? Por que 74% da população brasileira está endividada[1], ou seja, na ponta dos que “não entendem”? É sobre esta “maravilha” do mundo que falaremos hoje.


[1] Fonte: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-10/pesquisa-diz-que-inadimplencia-cai-mas-dividas-crescem-em-setembro>; acesso em 26 out.2021.

O que são os juros compostos?

Os juros compostos são “juros sobre juros”, ou seja, os juros que você paga / recebe são incluídos no valor total que você deve / investe, e no próximo ciclo, você paga / recebe juros sobre o valor original e sobre os juros recebidos anteriormente. Ou seja, a cada giro deste ciclo, o valor sobre o qual os juros incidem cresce, fazendo com que os juros posteriores sejam maiores, em uma bola de neve.

Lindo, não? É um potencial enorme. Entretanto, como toda ferramenta, seu uso pode ser maravilhoso ou pode ser literalmente uma arma de destruição em massa para suas finanças. Por isso, Einstein disse muito bem: quem entende, recebe; quem não entende, paga.

Quem não entende é quem está endividado: ao contrair uma dívida, você está colocando esta força contra você e a favor do credor (um banco, uma cooperativa de crédito, agiota, parente que cobra juro do empréstimo, etc…). Sua dívida aumenta ao longo do tempo e o que você paga normalmente é muito maior do que a dívida original.

Quem entende é quem investe: investir é colocar esta dinâmica de bola de neve a seu favor; você coloca dinheiro em um investimento e os juros (os filhotes do seu dinheiro) geram filhotes, que geram filhotes, em uma multiplicação sem fim. Resumindo, uma frase batida, mas muito boa é: você coloca o dinheiro para trabalhar para você.

Como colocar o dinheiro para trabalhar?

Colocamos o dinheiro para trabalhar de duas maneiras muito simples. A primeira delas (e a mais óbvia): investindo. Seu dinheiro trabalha para você quando está investido em algo que paga algum tipo de rendimento para você, ou tem potencial de aumentar de preço ao longo do tempo (apreciação). A depender do seu perfil de tolerância a riscos, você vai escolher uma carteira com diferentes ativos (não esqueça de diversificar) e colocar as probabilidades a seu favor para que obtenha rendimentos e veja seu dinheiro crescer.

Agora, nesta busca por um patrimônio maior, que mais importa? Para isso, vamos dar um exemplo…

Imaginem três pessoas diferentes: A, B, e C. Todas querem saber quanto dinheiro terão aos 50 anos. As três começam a investir das seguintes formas, diferentes uma da outra:

Pessoa “A” tem vinte anos e começa a investir por 10 anos. Depois destes 10 anos, para de colocar mais dinheiro nos investimentos e deixa eles parados até os 50 anos. As condições são as seguintes:

  • Capital inicial: R$ 10.000,00
  • Taxa de juros (constante): 0,50% ao mês
  • Depósitos mensais: R$ 1.000,00 pelos primeiros 10 anos; depois, sem mais depósitos.
  • Total de depósitos (sem juros): R$ 120.000,00
  • Tempo: 30 anos (sendo 10 de investimentos mensais e 20 de espera).

Já a Pessoa “B” tem trinta anos e deixa para começar a investir um pouco mais tarde. Mesmo assim, espera compensar o tempo colocando mais dinheiro nos investimentos por mais tempo, de seus 30 anos aos seus 50. As condições são as seguintes:

  • Capital inicial: R$ 10.000,00
  • Taxa de juros (constante): 0,50% ao mês
  • Depósitos mensais: R$ 1.200,00 por 20 anos
  • Total de depósitos (sem juros): R$ 288.000,00
  • Tempo: 20 anos de investimentos mensais.

A Pessoa “C” demorou um pouco mais. Ela tem quarenta anos e começa a investir ainda depois. Com muito esforço e estudo, consegue investir mais dinheiro nos investimentos por 10 anos e consegue uma taxa muito melhor que suas colegas de exemplo. As condições são as seguintes:

  • Capital inicial: R$ 10.000,00
  • Taxa de juros (constante): 1,00% ao mês
  • Depósitos mensais: R$ 2.000,00 por 10 anos
  • Total de depósitos (sem juros): R$ 240.000,00
  • Tempo: 10 anos de investimentos mensais.

Quem você acha que terá mais dinheiro aos 50 anos? Quem colocou mais dinheiro (“B”)? Quem obteve a taxa de juros mais alta (“C”)? Tem de ser uma das duas, certo?

ERRADO.

Pessoa “A” termina com aproximadamente R$ 602.700,00; “B”, com R$ 588.000,00; “C”, com R$ 494.000,00. Por que isso? Por que “A” teve mais tempo. Sim, o dinheiro ficou mais parado, teve mais tempo para trabalhar ou, como disse acima, teve mais tempo para “aumentar a família”, mais tempo para gerar filhotes, que geram filhotes, e assim por diante…

Estranho, não é? A maioria das pessoas vende que, nos investimentos, o que vale mais é quanto sua carteira rende, mas não é. O tempo é a maior força dos juros compostos. É questão de matemática e, mais ainda, é uma das variáveis que mais está no seu controle, junto com o quanto você investe por mês. A taxa de juros é a que menos está sob seu controle e a que mais dedicamos tempo e atenção.

Então, antes de pensar que para investir você precisa saber de tudo sobre investimentos, lembre-se disso: melhor começar mais cedo e investir por mais tempo, mesmo que o investimento não seja o perfeito. Você terá com certeza mais chances de construir um patrimônio maior.

E a segunda maneira?

Essa é menos óbvia, mas tem a ver com a frase do Einstein… evite fazer dívidas. Especialmente aquelas caríssimas, como cheque especial e rotativo de cartão de crédito. Fuja delas o máximo que conseguir! Salvo raríssimas exceções, os juros que você vai pagar serão maiores que qualquer investimento que receber. Sendo assim, pagar dívidas de maneira antecipada é um maravilhoso investimento – além de você deixar de pagar juros exorbitantes, a sensação de liberdade é enorme.

Como fazer estas duas coisas? Nossos colegas da Bem Gasto têm vários artigos para vocês aproveitarem – sobre orçamento (para fazer sobrar dinheiro), dívidas (o que fazer com elas) e opções de investimento! Aproveite o conteúdo e coloque os juros compostos a seu favor!

Sobre o autor: Um dos voluntários da Bem Gasto é o criador do www.mapafinanceiro.com que também dá dicas de finanças.

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